domingo, 11 de abril de 2010

(Próxima paragem: Cête)

Mais um fim de tarde contigo. Olho para ti muitas vezes. Não porque haja algo de errado com a tua cara. (Na verdade, gosto de cada milímetro quadrado dela.) Olho-te com medo de que um dia desapareças. Fixo-te e tento absorver cada traço teu, cada pormenor. E desejo estender a minha mão e tocar-te. Mas raramente o faço. Não me pertences, e eu não percebo porquê. Logo eu que sempre sonhei com o meu mundinho simples e bonito… até ao dia em que apareceste e me viraste ao contrário. Será que te apercebes de tudo o que passa na minha cabeça quando sorris? Será que sabes que ouvir a tua gargalhada me faz feliz? (Pena que não estejas sempre a rir…)

Todas as parvoíces que inventámos e fizemos juntos… não sei se consigo imaginar-me sem elas agora. Provavelmente desapareceria metade daquilo que eu sou. Assustador, não é? Penso muitas vezes em quem seria eu se nunca nos tivéssemos cruzado. Ou se fosses simplesmente uma pessoa a quem eu diria «bom dia» ou «boa tarde» ocasionalmente. Sei que não sentiria a tua falta, pois só se sente falta daquilo que temos ou já tivemos. Será que te tenho como quero? Não, nem de longe. A esta pergunta ainda sei responder. Será que alguma vez serás aquilo que imagino todos os dias? Cada vez mais acredito que não. E cada vez mais penso que um dia vou acabar por desistir, apesar da falta de coragem que sempre tive para o fazer. Mas eu não sou de ferro e um dia vou cansar-me de suspirar por ti.

Não te percebo. E isso é o que mais me incomoda. Tento convencer-me de que tu tens boas razões para fazeres isto comigo. Repito-o várias vezes na minha cabeça para não me ir esquecendo à medida que o dia vai passando. Mas há sempre o dia em que acordo atrasada e me esqueço de relembrar isso logo de manhã. E depois é tarde demais, quando dou por mim já estou a dizer que te odeio. (Apesar de ter consciência de que me é impossível odiar-te.) Fico irritada e com vontade de chorar. Magoo-me mais um bocadinho. (Nada a que não esteja habituada.) Junto mais umas lágrimas à colecção e sigo em frente. Tenho de seguir… não sei ser uma pessoa triste. Nem sei se tenho o direito de o ser, com tanta coisa boa que tenho na minha vida.

Tens medo daquilo que poderia dar-te? Sempre que me aproximo demasiado, sinto que te assustas e foges de mim. Como se houvesse entre nós uma «distância de segurança». Se pelo menos soubesses o quanto eu gostava que ultrapassasses essa distância e chocasses contra mim. Mas será que não sabes mesmo? Por que é que só para ti é que isto tudo não parece óbvio? Por que é que finges que não reparas na minha cara sempre que me abraças? Não percebes que quero ficar agarrada a ti?

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